A Galeria António Prates tem o prazer de convidar para a exposição “Silenced Sides” de Regina Frank que terá lugar no dia 5 de Maio, entre as 14h e as 20h.
Às 19h a artista fará uma performance.
SILENCED SIDES
No espaço do Centro Português de Serigrafia será apresentado um conjunto de edições de fotografia sobre tela, que assinala 30 anos de Performance da artista em vários museus nos EUA, Ásia e Europa.
A partir de 6 de Maio estará patente no MUNHAC – Museu de História Natural e da Ciência, a exposição de Regina Frank, “Silent Science” que complementa a presente exposição.
REGINA FRANK: CAMADAS RITUAIS
De múltiplas e delicadas camadas é composto o trabalho de Regina Frank.
As suas origens remontam a 1989, à prática da pintura e da gravura combinada com a performance ritualizada. Depois, em 1992, em workshops por si organizados para John Cage, Joan Jonas e Marina Abramovic, esta vertente foi poeticamente ampliada pela prática da performance do bordado ritualizado. A leveza do adorno e do têxtil transmutaram-se num vestido que envolve o busto da artista, aberto em enorme tela redonda na qual se acumulam da pintura ao textil, da comida à escultura, da interacção com o espectador de várias partes do mundo que pode ou não nela deixar o seu testemunho.
Esta interacção ampliou-se com a internet e a preocupação com os desastres ambientais e o perigo da insustentabilidade, num diálogo com os espectadores de várias partes do planeta.
Camadas de histórias de civilizações antigas se acumulam aqui, revisitando saberes antigos e ciências actuais, construindo diálogos que se podem transmutar em formas de mandala ou adquirir diferentes expressões, da pintura à tapeçaria, evocando vitrais antigos, construindo uma linguagem de equilíbrio e redescoberta que a recente pandemia, naturalmente, também afectou.
As duas exposições individuais simultâneas que decorrem no Museu Nacional de História Natural e na Galeria António Prates demonstram um trabalho de intensa dedicação desenvolvido entre 1991 e 2021.
Enquanto o Museu se foca na Ciência Silenciosa, trabalho desenvolvido pela artista nos últimos três anos, compondo, acrescendo, colando a sua pesquisa científica e espiritual pessoal na forma de vastas tapeçarias e uma instalação na Sala Química Analítica, a exposição na Galeria apresenta os Lados Silenciosos da artista, a sua prática de atelier e o corpo de trabalho desenvolvido durante os dois confinamentos da pandemia. Aquela provocou o retorno da prática inicial da pintura: traços espontâneos, caligrafias, usando tinta japonesa, pintura em acrílico, óleos e até telas centenárias revelam um universo simultaneamente pessoal e cósmico, onde música e silêncio, ciência e espiritualidade, se justapõem. As suas elaboradas tapeçarias, reunindo diversas fontes solares de inspiração, constituem uma paisagem plena de soluções ambientais dispostas em torno de uma singular e esfíngica figura. Todos os seus outros trabalhos são pinturas, por vezes bordadas a fio, outras vezes a preto e branco com cor discreta, ou com cor explosiva de alegria. Outras pinturas são de natureza têxtil, recorrendo a vestidos da filha cosidos a seda bordada, adquirindo relevos delicados.
Esta dualidade poética da exposição e da dicotomia público – privado tem sido constante no percurso colectivo da artista, transmutada nestes tempos pandémicos suspensos em possível resposta para a sua ultrapassagem através de uma metamorfose inerente à prática da performance induzida em ritual meditação colectiva.
Ela será reforçada na performance que a artista retomará na própria montra da galeria, na silenciosa lentidão do gesto, quase imperceptível, que é o deste tempo suspenso em que nos encontramos, e nas possíveis respostas para a sua ultrapassagem.
Rui Afonso Santos